O clima do mundo está mudando. Estamos assistindo a mutações climáticas repentinas e assustadoras. A temperatura global oscila entre extremos, e os cientistas da área não garantem seus prognósticos. Alterações profundas são esperadas; algumas, inclusive, com ares de ventos sombrios. A mudança de temperatura não ocorre apenas no universo; está mudando também a temperatura do coração do homem. O coração humano está esfriando cada vez mais. Em alguns casos, já é visível o processo de congelamento de muitos sentimentos necessários à vida. Aos poucos, a vida vai se transformando numa grande geleira, e, por causa disso, vamos construindo cabanas dentro de nós mesmos, para sobrevivermos ao frio intenso nos nossos relacionamentos.
A paisagem polar da alma adquire várias faces e se espalha por diferentes áreas da vida. Os ventos frios da indiferença, da insensibilidade, do egoísmo, da violência, não param de soprar. As baixas temperaturas da alma fazem surgir blocos de gelo no coração. A família é a principal vítima desta queda de temperatura. Antes, os lares funcionavam como “lareiras”, que aqueciam o coração contra a frieza e a hostilidade do mundo lá fora. Como era bom voltar para casa e aquecer a alma com abraços, sorrisos, beijos e o carinho das pessoas que amamos!
Hoje, já não há mais lareiras dentro de casa!
O esfriamento dos afetivos congelou o que havia de melhor e mais precioso: o calor humano, e com ele a segurança e o amor. Dentro de casa, muitos vivem como “esquimós”, sobrevivendo ao frio e ao isolamento.
Não só a família. A frieza e o congelamento se espalham em muitas outras áreas vitais da existência. Não existem mais amigos; não acreditamos mais em ninguém. Somos “ape-nas” concorrentes nesta difícil arte de sobreviver. A men-tira, a traição, a falsidade e outros males, transformam os cenários sociais da existência humana numa verdadeira “Antártida” - o continente das geleiras. Tudo ficou muito frio ao nosso redor. Para nos proteger, nos isolamos e tentamos nos aquecer com a nossa própria solidão. Grande ilusão. O nosso casaco de pele estará sempre no corpo de alguém. É a solidariedade e a afetividade que aquecem a existência.
Mais que nunca é preciso aquecer a existência e descongelar o coração. Liberar calor humano em forma de afeto, apoio, amor, atenção e outras labaredas aquecedoras da vida. É preciso sair da cabana e se expor ao sol. O frio é circunstância; o calor é vital.
Deus é Luz, é Sol, é Vida. Quando seus raios entram na cabana gelada do nosso coração, liberam energia vital, derretem o gelo, aquecem a alma, e nos transformam em “lareiras” ambulantes. Só então, com as vidas aquecidas pelo calor energético da presença de Deus, mudaremos o clima do mundo, mas o faremos para melhor.
Pastor Estevam Fernandes de Oliveira