A comunicação é o meio de contato humano necessário às relações sociais. Ela é a maneira pela qual as pessoas se expressam, se aproximam e se distanciam, estabelecendo o seu lugar no mundo, suas necessidades, aprendizagem e desenvolvimento.
Ao se comunicar, o ser humano influencia e é influenciado pela resposta que obtém, incluindo o silêncio já que nos expressamos através de gestos, postura, fala, olhar, etc.
Baseando-se na experiência de consultoria em gestão de pessoas, é possível observar, através de relatórios diagnósticos utilizados no planejamento estratégico do recursos humanos de variadas organizações, a percentagem média de problemas relacionados à comunicação entre líder e liderado. Ela se situa na faixa de 50-60% de queixas apontadas pelos colaboradores pesquisados. Evidencia-se, portanto, um expressivo índice de entraves nas relações, em razão desta deficiência percebida.
Segue-se que, visto a importância crucial da comunicação nas relações humanas, é necessário perguntar:
- Que qualidade de contato está presente entre líder e liderado, se metade dos liderados ou mais percebe deficiência neste campo na vida organizacional?
- Como pode ocorrer entendimento entre as partes se elas não conseguem adequado acesso?
- Com o tempo, que resultados práticos surgem na qualidade de vida dos liderados?
- E na qualidade dos serviços? E a produtividade?
A liderança é uma ocupação estratégica por vários motivos e, destacadamente, pelo papel orientador que assume diante de quem dela depende. Tal orientação se configura por meio da motivação de se empreender, da aprendizagem que permite o acesso às mudanças, da confiança que aprofunda e sustenta o relacionamento cotidiano, do compartilhamento de projetos, frustrações e vitórias. Caso a liderança não seja competente à altura destas necessidades elementares, pouco resta de recurso para a gestão de pessoas.
Líderes que não têm tempo para manter contato com os seus seguidores, alegando estarem atolados em pilhas de papéis, trabalhos sempre urgentes, entre outras explicações, não lideram. Liderança sem contato é fantasia. É claro que não há necessidade de o líder manter-se próximo do liderado em tempo integral. O bom senso requer proximidade e distanciamento para delegar adequadamente, acompanhar as tarefas e orientar, perceber situações de entrave e compartilhar as propostas de soluções, aprender conjuntamente, assumir responsabilidades pessoais e grupais, comunicar e dar e receber feedback.
Não obstante, ao menor sinal de dificuldade de comunicação é preciso investir com vigor na sua dissipação, que oferece risco e distancia gente de gente. Problemas de comunicação criam grupos isolados que travam batalhas entre si, às vezes silenciosa, outras nem tanto. Eles criam mal-estar e rompem o fluxo de informações, além de limitar a integração do pessoal, podendo, em alguns casos, fragmentar consistentemente o relacionamento humano organizacional. As pessoas não se entendem e não se esforçam para tal. A produção pode diminuir, e a produtividade é afetada também. Os resultados ficam comprometidos pela desmotivação e descrença que se instalam pouco a pouco, culminando até em afastamentos.
Boa parte da origem dos problemas de comunicação entre líder e liderado está na liderança. Liderar implica em preocupar-se, entre outros objetivos, com a qualidade de comunicação e de convívio. São competências essenciais na gestão da liderança. É preciso se preparar. Ser líder apenas pelo poder presente na hierarquia do organograma já não é o suficiente para impulsionar as pessoas ao bom relacionamento e ao trabalho desejado.
Por outro lado, liderar através do poder da influência pessoal, baseada na habilidade de promover comunicação parece ser o meio acertado. Seria prudente refletir sobre que tipo de comunicação existe no eixo líder-liderado em nossas organizações.