segunda-feira, 23 de maio de 2011

PASTORES DE FANTASIA E OVELHAS DE FANTASIA

É claro demais: não havendo ovelhas, não há necessidade alguma nem de igrejas nem de pastores.

Tão claro quanto: não havendo alunos, não há necessidade nem de escolas, nem de professores; não havendo doentes, não há necessidade nem de hospitais, nem de médicos. Isto quer dizer que, havendo ovelhas, há necessidade de pastores.

Assim como há decepção mútua entre estudante e professor, há também decepção mútua entre ovelha e pastor. Os dois tem de saber que a decepção é de ambos os lados. Assim é mais fácil tratar do problema do relacionamento entre um e outro. É como se fosse um desconforto conjugal, que exige humildade e diálogo de ambos os cônjuges para recuperar a harmonia perdida.

O problema é antigo e preocupante. Há ovelhas que se queixam amargamente de seus pastores e há pastores que se queixam amargamente de suas ovelhas. Enquanto Deus se queixa de ambos ou, conforme o caso, só de um deles.

No livro do profeta Zacarias há uma palavra muito dura contra os pastores: “Ai do pastor imprestável, que abandona o rebanho” (Zc. 11:17).

Em outras versões, o “pastor imprestável” tem sido pitorescamente chamado de “pastor de nada”, “pastor de coisa nenhuma” e “pastor de fantasia”. Esse pastor é aquele que não se preocupa com as ovelhas. Não procura a que está desgarrada, nem cura as machucadas, nem alimenta as sadias, mas come a carne das ovelhas mais gordas (Zc. 11:16).

O quadro é patético. Serve para contrastar com o comportamento do Bom Pastor por excelência.

Se há “pastores de fantasia”, os tais pastores mercenários a quem Jesus se refere (Jo.10:12), pastores sem alma, sem dedicação, sem testemunho, sem autoridade, sem mensagem, há também ovelhas obstinadas, que tapam os ouvidos para não ouvir, como o próprio Zacarias
admite (Zc. 7:11).

Há muitos pastores não de fantasia que já não sabem o que fazer por essas ovelhas imprestáveis, essas ovelhas de fantasia. Um deles, o profeta Jeremias, queixou-se de que pregou em vão durante vinte e três anos, dia após dia (Jer. 23:3).

Outro, o apóstolo Paulo, queixou-se de que suas ovelhas de Corinto, nunca saíram da carnalidade para a espiritualidade, nem do leite para o alimento sólido, nem dos “ensinos elementares” para as “coisas difíceis de entender” (1 Cor. 3:1-3; Hb. 5:11-14).

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