PASTOR - Chamado, Convicção e Realidade

Para ser pastor é necessário ser obstinado. Adjetivos para qualificá-lo, há-os em profusão e permeiam entre a terra e o céu. Dentre tantos atributos, dizem-no idealista, sonhador, abnegado, formador de opiniões, sacerdote dos desígnios sagrados... Todos, é inquestionável, são-lhe pertinentes.Mas calemos por uns momentos e façamos uma rápida reflexão, calcada nos moldes atuais.

Abdiquemos das concepções românticas que sempre embalaram a trajetória e a mística do pastorado, considerado, por essência, aquele que modela caracteres, despertando-nos da apatia espiritual. Coloquemo-lo diante do cruel espelho de sua realidade quotidiana... Ei-lo, agora sim, em face de uma geração complexa, heterogênea, de poucos referenciais, de muitas indagações, perdida na amplitude dos problemas de toda ordem, financeiros, familiares, de relacionamento, existenciais, enfim. Sob as marcas desse ambiente e à sombra desse palco o pastor exerce seu ministério. Tudo, ou para ser mais condescendente, quase tudo lhe é desfavorável.
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Os fatos conspiram contra seu compromisso e seriedade ministeriais. De seus olhos jorram centelhas de luz, tentando transformar em aurora a neblina da indiferença que empana sua missão e o induz ao desânimo. Ele sabe que a qualquer pretexto, poderá ser julgado, e, excepcionalmente, reconhecido ou aplaudido. Ele tem consciência de ser o primeiro a ser cobrado de todas as mazelas da sociedade e muitos lhe pedirão contas... lhe cobrarão frontal, ou sutilmente; reservadamente, ou em público.

Em sua direção há olhos de todas as cores, azuis, verdes, castanhos, negros, que o observam, analisam-no, questionam-no, sensibilizam-se com sua presença, respeitam-no, admiram suas atitudes e nele projetam expectativas de futuro e de bênçãos celestiais. Ele não se furta ao comprometimento de gerar o resgate de valores, sugerir limites, indicar rumos. Ele não se rende. Sobrevive aos percalços, por tão poucos, em razão de muitos. Vivencia continuadamente a fidelidade da Palavra de Deus: sua obra é excelente.
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In Boletim Oficial (Ig. Nazareno central de Campinas)

Orlando Carlos Furlan

Comissão de Cuidados Pastorais